O governador do Rio, Sérgio Cabral anunciou, nesta quarta-feira (20) que pretende transformar o prédio do antigo Museu do Índio, ao lado do Maracanã, em um museu do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). A Defensoria Pública da União (DPU) criticou a pretensão do governo fluminense.
O local é motivo de disputa entre índios e o governo desde 2006, quando um grupo de várias etnias de povos originários ocupou o prédio. O conflito aumentou quando o foi anunciada a intenção de conceder o Complexo Maracanã para a administração privada. Toda uma área em volta do estádio seria demolida para a construção de estacionamentos, lojas e restaurantes.
O projeto original para o Complexo do Maracanã mantinha o prédio do antigo Museu do Índio assim como o Estádio de Atletismo Célio de Barros e a Escola Municipal Friedenreich, como mostram uma série de matérias divulgadas pelo próprio governo no início de 2012.
Cabral declarou, após a uma reunião com representantes do Comitê Olímpico Internacional (COI) que visitou a cidade para analisar os projetos para a Olimpíada de 2016, a ideia de criar um Museu Olímpico foi de Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do comitê organizador dos Jogos de 2016. “A concessionária vencedora do Maracanã se responsabilizará pelo restauro, recuperação e preparo do prédio, e todo o conteúdo e toda a gestão ficará sob responsabilidade do COB”, disse Cabral.
O defensor público federal Daniel Macedo, que acompanha a defesa dos índios que ocupam o prédio, declarou que ainda não havia sido oficialmente comunicado. Em nota divulgada à imprensa nesta quinta-feira (21), Macedo ainda questionou a criação de um Museu Olímpico, já que o Brasil, além de sediar uma edição dos Jogos Olímpicos pela primeira vez, “não tem um histórico robusto que legitime a criação de um museu de uma hora para outra”. “Se isso não é verdade, por que não criaram antes esse museu?”.
Tombamento para os índios
Construído há 147 anos, o prédio abrigou a sede do Serviço de Proteção ao Índio, antecessor da atual Fundação Nacional do Índio (Funai). De 1953 a 1977, ali funcionou o museu, criado pelo antropólogo Darcy Ribeiro, quando a instituição mudou para um casarão na Rua das Palmeiras, em Botafogo, zona sul do Rio.
Durante esses trinta anos o prédio passou para a administração da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até ser comprado pelo governo estadual, por R$ 60 milhões, em novembro de 2012. Esse valor, no entanto, não aparece na Matriz de Responsabilidade divulgada em dezembro do mesmo ano.
As lideranças dos índios que moram na Aldeia Maracanã defendem que o tombamento do prédio garanta a destinação do local para a cultura indígena.
Em novembro, o Instituto Ethos pediu, em carta enviada ao governo estadual, que o processo de concessão do Complexo Maracanã seja interrompido e se inicie o debate de modelo de gestão, pública, privada ou mista, do espaço com ampla participação social.
Se o Brasil não tem um histórico considerável nas Olimpíadas, tem nos índios parte considerável de sua população, língua e cultura. Aliás, de onde mesmo vem o nome “Maracanã”? A cultura indígena ocupa este prédio há mais de meio século e querem trocar pela “cultura” olímpica apenas pra um evento?? Façamos uma mega exposição no novo Museu do Rio. Não precisamos de um museu eventual, mas de cultura permanente!