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Conferência Ethos 360°: O papel das empresas no combate à corrupção

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Se a maioria das empresas não está envolvida em atos ilícitos contra a administração pública, o que é possível fazer para criar um ambiente ético?

As notícias sobre corrupção envolvendo empresas e o setor público não saem das manchetes dos veículos de comunicação no Brasil. Mais do que os rombos nos cofres públicos, esses fatos trazem efeitos negativos sobre o mercado e as relações comerciais em geral, porque a confiança que deve nutrir os agentes econômicos fica abalada. Afinal, a sensação de impunidade cria a noção de que a corrupção vale a pena.

Se a maioria das empresas, de qualquer porte ou natureza, não está envolvida em atos ilícitos contra a administração pública, o que é possível fazer para criar um ambiente ético?

Nos próximos dias 22 e 23 de setembro, será realizada, no Golden Hall do WTC, em São Paulo, a Conferência Ethos 360° de 2015. Esse evento tem o desafio de reunir anualmente, por meio de conteúdo e diálogos de alto nível, presidentes, executivos, empreendedores e especialistas de diferentes setores da economia para discutir grandes ideias, refletir sobre perspectivas inusitadas e reciclar os clichês corporativos.

As ações e os desafios existentes para prevenir e combater a corrupção nos setores público e privado fazem parte da programação. Logo na abertura, vamos discutir o papel das empresas para o avanço de políticas públicas e para o esforço coletivo – com organizações da sociedade civil – de aprimorar o sistema nacional de integridade.

O desembargador do Ministério Público Federal Fausto De Sanctis e o jurista alemão Andreas Pohlmann vão pontuar, a partir de suas experiências, como veem o atual cenário – nacional e global – em relação à integridade e transparência das empresas.

Algumas questões que serão abordadas nesse debate são:

1 – Como as empresas podem combater a corrupção?

Nós todos estamos expostos a dilemas éticos em qualquer ação que adotemos, pequenas ou grandes. Na empresa, o combate à corrupção deve ser feito por meio de boas práticas de governança. Reduzir os riscos relacionados às condutas antiéticas dos profissionais aumenta a competitividade das empresas, pois a gestão dos riscos preserva a imagem corporativa interna e externa, diminui a probabilidade de fraudes internas e gera ambiente mais seguro. A corrupção, em suas diversas formas, compromete o desenvolvimento do mercado e reduz possibilidades de lucratividade consistente no longo prazo.

O uso de ferramentas como canal de denúncias (ou ouvidoria), código de conduta e controles internos é hoje considerado um diferencial de mercado por investidores, consumidores e outros stakeholders. No Brasil e em outros países, tais ferramentas tornaram-se mandatórias na gestão por leis específicas de combate à corrupção.

A corrupção numa organização opera de forma complexa e, muitas vezes, torna-se difícil desarticular todos os pontos de conexão entre funcionários e más práticas ou condutas inidôneas. Pesquisadores de gestão empresarial, como Richard Nielsen, identificaram algumas características do que chamam de “subsistema de corrupção” numa empresa. Por exemplo: essas redes de corrupção funcionam da base da reciprocidade e do ganho mútuo; comportamentos produtivos podem encobrir atitudes antiéticas e corruptas, o que aumenta o apoio a esse subsistema; há conexões entre corrupção, partidos políticos, instituições públicas, mídia e associações profissionais; programas de austeridade contribuem para manter (e até aumentar) a corrupção, uma vez que forçam perdas de ganhos para a classe média.

2 – Quais os desafios futuros no combate à corrupção?

São três principais desafios:

  1. Reconhecer os avanços que o país obteve nesse combate. Estamos num bom caminho, pois melhoramos as leis e fortalecemos as instituições ao longo dos processos de corrupção que foram e estão sendo investigados. No caso da Lava Jato, por exemplo, já foram ressarcidos ao Estado ou à Petrobras mais de R$ 1,5 bilhão;
  2. Consolidar a responsabilização dos envolvidos nesses processos, para terminar com a sensação de impunidade (e, consequentemente, com a ideia de que vale a pena ser corrupto);
  3. Continuar com o aprofundamento da legislação contra a corrupção, principalmente em três aspectos:
  • criminalização do enriquecimento de funcionários públicos;
  • rapidez nas ações de improbidade;
  • aprovação da Lei do Lobby;
  • mudança no financiamento de campanhas eleitorais.

A Conferência Ethos 360º de 2015 será uma ótima oportunidade para discutir com especialistas e representantes de empresas mais assuntos relacionados a esse importante tema.

Para saber mais sobre a edição deste ano da Conferência Ethos 360° e inscrever-se, acesse o site http://www.ce2015.org/.

Por Jorge Abrahão, diretor-presidente do Instituto Ethos.

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